"O sistema endócrino foi desenvolvido para permitir que os processos fisiológicos sejam coordenados e regulados" - KLEIN, Bradley G.
USJT - VILA LEOPOLDINA
SEMIOLOGIA
"A Semiologia veterinária pesquisa e interpreta os métodos de exame clínico, os sintomas e os sinais, bem como as possíveis manifestações funcionais." - FEITOSA, Francisco Leydson F.
SEMIOLOGIA NO SISTEMA ENDÓCRINO
Quando falamos de semiologia no sistema endócrino devemos nos atentar as possíveis doenças que as adversidades no sistema endócrino podem acarretar. Dentre estas patologias podemos citar a diabetes melito, a acromegalia, o hipotireoidismo, o hipertireoidismo, o hipoadrenocorticismo, o hiperadrenocorticismo, a insulinoma e outros tumores do trato gastrintestinal entre diversas outras enfermidades. Todas estas estão diretamente relacionadas com as glândulas e com órgãos que compõem o sistema endócrino estudado neste site.
ANAMNESE
Geralmente o tutor só irá ir até um médico veterinário endocrinologista ou até mesmo o clinico caso possua as seguintes queixas:
- Realização de exame com resultados alterados;
- Animal que já apresenta uma doença crônica, como a Diabete Melius;
- Encaminhamento de um clínico;
- Animal apresentando sintomas e sinais.
Quando o animal já chega na clinica com um histórico de uma doença, podendo ser uma Diabete, uma Obesidade ou até mesmo doenças da tireoide, se deve analisar os sinais e os sintomas presentes, mesmo que já possua um diagnóstico realizado por outro profissional se deve investigar o caso desde o inicio, podendo até mesmo fazer perguntas além do esperado, como se o animal possui alguma alergia, se já teve fratura, se for fêmea é importante saber se já teve cria, quantos filhotes, o tamanho deles, entre outras, assim estudando sua história pregressa.
Além destas perguntas também é importante saber o habito de vida do animal, os remédios que já tomou ou toma, o horário, a frequência. Além de que se deve investigar todos os sistemas deste animal, se deve perguntar sobre seus hábitos intestinas e urinários e seu comportamento de modo geral, como a quantidade de água que ingere diariamente, se ele é ativo.
EXAME FÍSICO
No exame físico se deve seguir alguns passos que possuem extrema importância:
1 - IMPRESSÃO GERAL DO PACIENTE
Aqui irá ser realizada um inspeção geral, vendo se o paciente está lúcido, acianótico, ou alguma outra característica que fuja da normalidade, importante ver também se o paciente possui fácies características de alguma doença.
2 - DADOS VITAIS
Se deve aferir temperatura, ver a coloração das mucosas, a frequência cardíaca, a postura do animal, ver se há algum posicionamento de dor.
3 - EXAME SEGMENTAR COMPLETO
- Peso, estatura, IMC
- Cabeça e pescoço: olhos, tireoide, manchas escuras pela pele, ausculta das carótidas.
- Realizar a ausculta dos pulmões
- Realizar palpação no abdômen, vendo se há viceromegalias, estrias e/ou massas. Importante verificar também o local onde é aplicada a insulina em animais que já fazem uso da medicação, uma vez que a aplicação repetitiva em um mesmo local pode causar lipohipertrofia, uma massa de gordura formada principalmente pela fibrose.
- Membros: verificar se há presença de edemas, dermatites, sinais de insuficiência arterial/venosa, palpação dos membros e das glândulas que neles existem.
EXAMES COMPLEMENTARES
Os exames complementares mais solicitados para diagnósticos que envolvem o SE são:
- Hemograma
- Urinálise
Tipos de hormônios que podemos avaliar são: ACTH, Aldosterona, Cortisol, Estrógeno, Testosterona, Progesterona, Insulina, PTH, T3 total, T4 livre por diálise, T4 total, TSH canino.
ACTH – É produzido pela adreno-hipófise, controlada pelo hipotálamo. É responsável por estimular a síntese e secreção de cortisol pelo córtex da adrenal. Pode definir tanto a secreção de glicorticóides como de esteroides sexuais. Pede-se esse exame quando se há uma suspeita de um desequilíbrio hormonal nas glândulas adrenais ou na hipófise.
Aldosterona - é um hormônio que estimula a retenção de sódio (sal) e a excreção de potássio pelos rins. É um hormônio produzido a partir de moléculas de colesterol. Desempenha importante papel na manutenção das concentrações de sódio e potássio normais no sangue e no controle do volume sanguíneo e da pressão arterial. A aldosterona é produzida pelo córtex adrenal, a porção mais externa das glândulas adrenais, localizadas no topo de cada rim. Nesse exame avalia se quantidades adequadas de aldosterona estão sendo produzidas e para diferenciar entre as causas potenciais de seu excesso ou deficiência.
Cortisol - O cortisol é produzido no córtex da glândula suprarrenal (ou adrenal) especificamente na zona fasciculada. A função do Cortisol é controlar todo e qualquer estado de vigília, além de reduzir inflamações, contribuir para o funcionamento do sistema imune e manter os níveis de açúcar no sangue constantes, assim como a pressão arterial. Nesse exame, que pode ser de sangue ou urina, enxerga-se distúrbios hormonais severos, como diabetes, síndrome de cushing (hiperadrenocorticismo) - quando é produzido em excesso.
Estrógeno - Os estrógenos formam um grupo de hormônios primariamente responsável pelo desenvolvimento dos órgãos sexuais. Embora os estrógenos sejam os principais hormônios sexuais femininos, pequenas quantidades também são encontradas nos indivíduos do sexo masculino. Nas mulheres, o hormônio folículo estimulante (FSH, produzido pela adeno-hipófise), estimula as células (folículos) que circundam os óvulos nos ovários, fazendo com que produzam estrógenos. Quando estes atingem um determinado nível, a hipófise libera uma onda de hormônio luteinizante (LH) que, finalmente, estimula a liberação do ovo, e inicia a preparação para sua fertilização. O exame de estrógeno pode ser solicitado para auxiliar no diagnóstico de tumor ovariano, síndrome de Turner e hipopituitarismo.
Progesterona - um hormônio esteroide cujo papel principal é ajudar a preparar o organismo feminino para a gravidez. A progesterona age em conjunto com diversos outros hormônios femininos. O estrogênio induz o endométrio (o revestimento do útero) a crescer e regenerar-se, enquanto uma onda de hormônio luteinizante (LH) leva à liberação de um óvulo de um dos ovários. Forma-se, então, o corpo lúteo no ovário, no local de onde o óvulo foi liberado, o qual começa a produzir progesterona. Este hormônio, suplementado por pequenas quantidades produzidas pela suprarrenal, interrompe o crescimento do endométrio e prepara o útero para a possível implantação do óvulo fertilizado. Se não ocorrer fertilização, o corpo lúteo degenera, o nível de progesterona cai e inicia-se o sangramento menstrual. Se houver implantação de óvulo fertilizado no útero, o corpo lúteo se mantém para produzir progesterona. Após algumas semanas, a placenta irá substituir o corpo lúteo como fonte principal de progesterona, produzindo quantidades relativamente grandes do hormônio ao longo da gravidez. A progesterona pode ser dosada para determinar se a paciente ovulou ou não e para monitorar o sucesso na indução da ovulação.
Testosterona - produzido por tecido endócrino especializado (as células de Leydig) nos testículos. Sua produção é estimulada e controlada pelo hormônio luteinizante (LH), que é sintetizado na adenoipófise. Nos indivíduos do sexo masculino, a testosterona estimula o desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários. O exame é usado para avaliar distúrbios hipotalâmicos ou hipofisários, tumores testiculares.
Insulina - A insulina é um hormônio produzido e armazenado nas células beta do pâncreas. É vital para transporte e armazenamento da glicose nas células, regula o nível sanguíneo de glicose e controla o metabolismo de lipídios. Quando os níveis sanguíneos de glicose se elevam após uma refeição, a insulina é liberada permitindo que a glicose entre nas células, em especial musculares e adiposas (de gordura), onde é usada para a produção de energia. A insulina comanda o armazenamento da glicose em excesso no fígado como glicogênio, para uso a curto prazo, e no tecido adiposo, como ácidos graxos. As células ficam sem fonte de energia e os níveis sanguíneos de glicose se elevam. Isso causa alterações do metabolismo que resultam em diversos distúrbios, incluindo doença renal, doença cardiovascular e problemas neurológicos e visuais.
PTH - Esse teste mede a quantidade de paratormônio (PTH) no sangue. O PTH ajuda o corpo a manter estáveis os níveis de cálcio no sangue. Condições e doenças que interrompem esse circuito de feedback podem provocar elevações ou diminuições inadequadas nos níveis de cálcio e PTH e, assim, levar a sintomas de hipercalcemia ou hipocalcemia. O PTH é produzido por quatro glândulas paratireoides, atrás da glândula tireoide. Normalmente, essas glândulas secretam PTH na corrente sanguínea em resposta a níveis baixos de cálcio. O paratormônio trabalha de três modos para ajudar a elevar ao normal os níveis de cálcio no sangue:
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Retira o cálcio dos ossos do corpo.
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Estimula a ativação da Vitamina D nos rins que, por sua vez, aumenta a absorção de cálcio nos intestinos.
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Inibe a excreção de cálcio na urina enquanto estimula a excreção de fósforo.
À medida que os níveis de cálcio começam a aumentar no sangue, o PTH normalmente diminui. Quando os níveis de cálcio no sangue estão acima ou abaixo do normal. Durante uma cirurgia para hiperparatireoidismo. Quando o médico deseja determinar se as glândulas paratireoides estão funcionando bem. Os níveis de PTH podem ser utilizados para monitorar animais que apresentam doenças que levam a desequilíbrios crônicos no cálcio ou para monitorar aqueles que se submetem a uma cirurgia ou outro tratamento para tumores nas paratireoides.
T3 e T4 - são produzidos pela glândula da tireoide.
O T4 é a tiroxina, um hormônio produzido pela glândula tireoide e regulado pelo hipotálamo e hipófise, que sinalizam a sua liberação. É o hormônio responsável pelo metabolismo, humor e temperatura corporal, entre outras coisas.
O T3 É um segundo hormônio da tireoide também produzido por sua glândula, além de outros tecidos através da desiodação do T4 (conversão enzimática). Através desse hormônio é possível manter o controle muscular, função e desenvolvimento do cérebro, coração e funções digestivas. Além disso, ele desempenha um papel na taxa metabólica do corpo e na manutenção da saúde óssea.
TSH - O TSH é produzido pela glândula hipófise. Estimula a produção e liberação de T4 e T3 pela glândula tireoide, que possui formato de borboleta e está localizada no pescoço, à frente da traqueia. Quando os três órgãos estão funcionando normalmente, a produção da tireoide aumenta e diminui para manter constantes os níveis dos hormônios tireoidianos. Se a hipófise não funciona bem, isso pode resultar em quantidades aumentadas ou diminuídas de TSH. Quando as concentrações de TSH estão aumentadas, a tireoide irá produzir e liberar quantidades inadequadas de T4 e T3, e o cão apresentará sintomas associados ao hipertireoidismo, como aumento da frequência cardíaca, perda de peso. Se diminuir a produção de hormônios tireoidianos (hipotireoidismo), o animal poderá apresentar sintomas como ganho de peso, pele seca, constipação e fadiga. Além da disfunção da hipófise, o hipertireoidismo ou o hipotireoidismo podem ocorrer se houver um problema no hipotálamo (TRH insuficiente ou em excesso). Os níveis de hormônio tireoidiano também podem ser alterados por várias doenças da tireoide, independentemente da quantidade de TSH presente no sangue.
EXAMES COMPLEMENTARES
Outro exame que pode ser solicitado é a Biopsia Hepática que tem como objetivo analisar, por meio de um microscópio, as estruturas internas do fígado. É um exame complementar, que ajuda a diagnosticar possíveis alterações no fígado e tecidos hepáticos. Existem dois tipos principais de biópsia hepática, sendo eles:
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Biópsia hepática por punção (guiada por exame de imagem);
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Biópsia cirúrgica (visualização direta)
Basicamente, na biópsia hepática por punção é feita a coleta de fragmentos pequenos do fígado para que sejam encaminhados a um laboratório, onde serão avaliados pelo microscópio. Para a realização desse procedimento, os médicos utilizam uma agulha especial e a introduzem na pele do paciente, até que alcance a região. É um procedimento que exige anestesia local ou sedação. O aparelho de ultrassom é utilizado para localizar de maneira correta o órgão e guiar a agulha, que por ser oca leva consigo o fragmento. Na biópsia cirúrgica, se coleta pequeno fragmento do órgão, proporcionando um material maior e melhor para o patologista avaliar. Outra vantagem é que o médico pode retirar um pedaço da parte mais alterada ou de algum nódulo visualizado diretamente e, com isso, diminuir a chance do exame ter um resultado errado.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Stephanie., ET AL. HORMÔNIOS GUIA DE CONSULTA RÁPIDA. - Bauru - Canal 6 Editora - 2020.
KENEDDY, Fernando. BIÓPSIA HEPÁTICA. 2012. Disponível em: http://www.ligadegastro.ufc.br/index.php/fruit-encyclopedia/95-biopsia-hepatica.html. Acesso em: 25 nov. 2022.